Crítica: Alice no País das Maravilhas - 1951
17 abril 2010
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testemunhas
Iniciando o aquecimento para Alice de Tim Burton, faremos com que você relembre a aventura da garotinha em seu fantástico - e alucinógeno - país das maravilhas, na adaptação da obra de Lewis Carroll para a deslumbrante animação da Disney de 1951.
Confesso que não assistia a este filme desde meados de 1994. Na época era mágico, mas ao rever hoje, ele perdeu boa parte de seu encanto. Alice no País das Maravilhas é uma verdadeira viagem surreal pela mente da pequena menina sonhadora.
A história é bastante fiel ao livro: a pequena Alice está em seu jardim, escutando a lição de história dada por sua irmã. Ela não vê a menor graça naquilo, pois “como se pode prestar atenção a um livro sem gravuras?"
Cansada de seu mundo monótono, deixa a irmã falando sozinha e vai andar pelas redondezas. Ela então se depara com uma cena no mínimo insólita: um coelho branco, de colete e relógio, correndo esbaforido pelo gramado. E qual a coisa mais sensata, ao menos para uma garotinha inquieta, fazer neste momento? Logicamente ela decide segui-lo... Por conta da sua curiosidade ela se mete na toca do coelho e acaba caindo no maluco “País das Maravilhas”. Lá conhece vários personagens como: os irmãos gêmeos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, o Mestre Gato (segundo a primeira dublagem), a Lagarta, a Lebre Maluca, o Chapeleiro Louco, a Rainha de Copas e seus subordinados. Ao longo da aventura ela toma chá com o Chapeleiro e a Lebre, participa de um jogo de cricket com a Rainha de Copas, canta com um jardim de rosas e escuta os conselhos de uma lagarta chapada. Até enfim retornar para o mundo real.
É uma aventura alavancada pela curiosidade de uma criança, que não tem medo de encarar os fatos. O filme é meio lento, parte para lugar nenhum até chegar ao ponto de partida.Você espera algo de extraordinário, e visualmente é, mas a história é simplesmente um fragmento de um sonho de Alice, onde é retratado o mundo que ela imaginara no início da história.
A heroína não tem nenhum grande propósito ou dilema – ela é apenas uma espectadora das coisas que acontecem ao seu redor; há pouco ou nenhum comprometimento com a realidade; e, finalmente, não há nenhuma lição a ser aprendida ao longo do filme, coisa que era regra nas animações infantis.
Assisti ao DVD e vi os extras do disco. O interessante é vermos o próprio Walt Disney coordenando a produção de Alice. Tudo era minuciosamente trabalhado, desde os desenhos, animação, sonoplastia, pós-produção, dublagem até atuação dos personagens para que fossem retratados no papel. O resultado visual é fantástico, se você levar em conta que a época em que foi produzida.
É incrível como hoje acho meio chatas algumas das músicas nas animações da Disney. Toda criança assistia estes desenhos milhares de vezes, principalmente para decorar cada trecho das músicas. No caso de Alice, suas canções lhe renderam indicação ao Oscar de Melhor Trilha Sonora.
Vou compartilhar algo aqui com vocês que me chamou atenção. Não sei se procede, mas a frase “Siga o coelho branco” que inicia o filme Matrix pode ter um puta paralelo com Alice de 1951. A frase é pertinente nos dois filmes. Seguir o coelho branco, em ambos, significa ser levado a entrar em um mundo desconhecido, provavelmente ideal... Será que Alice serviu de pontapé para os irmãos Wachowski criarem Matrix?
Fazendo paralelo com outro filme lembrei-me do buraco maluco de Quero Ser John Malkovich, que lembra a toca da tal lebre maluca de Alice. A lembrança não é só visual, já que ao entrar no buraco a pessoa é transportada para outro lugar, no caso de Quero ser John Malkovich a pessoa é transportada para dentro de do próprio John Malkovich. Em Alice ela mesma diz, conversando com a Lagarta, que depois de ter entrado naquele lugar ela não sabia mais quem ela era. Teria alguma relação ou é viagem minha?
O Cena do Crime recomenda assistir embriagado.
Faz tanto tempo que eu assisti que nem me lembro mais...
[...] E, por fim, a crítica que a Renata Azzi mais gostou, do blog Cena do Cine: http://cdcrime.wordpress.com/2010/04/17/critica-alice-no-pais-das-maravilhas-1951/ [...]