Atenção Todas as Unidades! #3: Zumbilândia
Hoje é dia de Atenção Todas as Unidades! - que era pra ter saído ontem! Ainda não consegui me adaptar ao ritmo.
Mas preparem a munição: temos Zumbis in da house!
Na verdade o tema de hoje seria diferente, já que recomendei um filme na semana passada e queria falar de alguma outra mídia... Mas lembrei que ainda não havíamos escrito aqui sobre o divertidíssimo Zumbilândia, e aí não teve jeito.
Zombieland, 2009, EUA. Ação/Horror Leve/Comédia.
Direção: Ruben Fleischer. Com: Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Abigail Breslin, Emma Stone, Bill Murray.
Duração: 88 min.
Mortos-Vivos... É aquela coisa, né? Poucos temas são tão marcantes na cultura pop. Ou você gosta e se diverte mesmo, ou odeia e acha tudo idiota. A quantidade de material dedicado a contar aventuras com os desmortos é incrível: filmes aos montes, games, quadrinhos, livros... Os amaldiçoados já apareceram em praticamente todas as mídias possíveis, às vezes com algum impacto, às vezes em obras bastante dispensáveis.
Se você curte o tema já deve ter assistido aos clássicos, seja os antigos como a trilogia dos mortos de George Romero ou os recentes como Extermínio - de Danny Boyle -, REC - de Jaume Balagueró e Paco Plaza - ou mesmo o bom remake de Madrugada dos Mortos por Zack Snyder. Se ainda não viu, tira essa roupa preta que tu é moleque. Assista, é uma ordem.
Pois então... Como muitos filmes que prometem revolucionar o gênero são na verdade piadas de mau-gosto, resolvi não alimentar o monstro da expectativa quando soube da produção de Zumbilândia, do diretor Ruben Fleischer. Quando saiu o trailer eu pirei, claro, mas fiquei com medo da quantidade de efeitos e do elenco esquisitinho. Foi a maior burrice da minha vida depois de ter comprado um Nintendo Wii. Pra variar, o filme não teve muito tempo de exibição aqui em Fortaleza - cidade das comédias românticas e dos filmes de animação -, então eu perdi de ver essa pérola no cinema, por puro preconceito. Mas não seja como eu e tente dar uma conferida. E, claro, não esqueça de memorizar as regras.
Mas no que este filme é melhor ou equivalente aos outros mencionados lá em cima? Bem... Praticamente todo filme de zumbi explora um assunto parecido no meio do horror e da nojeira: a deterioração das relações humanas em meio a uma calamidade absurdamente grave. Preste atenção nisso. Aquele grupo de pessoas em sua maioria idiotas e sacanas que não param de brigar entre si mostra nada menos que a guerra de egos e as diferenças que surgem - e se ampliam - nas situações de dificuldade. Nego se estressa e se desgasta ao máximo, daí vem as desavenças e o inevitável plano de se separar. O egoísmo e a inaptidão do ser humano em manter a cabeça e a organização social quando tudo vai pro caralho é mais assustador que ter o cérebro devorado. Quase sempre o drama e a tensão formam o elemento principal, e os mortos-vivos estão ali só pra evidenciar e provocar o caos.
Pois bem, Zumbilândia tem o dom de questionar e satirizar justamente essa questão das relações humanas. Claro que existe a relação Humano-Zumbi e, principalmente, a relação Zumbi-Escopeta no Meio da Testa, mas o clima de sátira é tão forte, que o que importa mesmo é a maluquice dos protagonistas. Basicamente, Zumbilândia não se leva muito a sério desde as primeiras cenas - em meio a strippers mortas-vivas e zumbis que atacam no banheiro -, então por que você deveria?
O protagonista - se posso dizer assim - Columbus (Jesse Eisenberg) é um nerdão, daqueles bem roots e anti-sociais, que acredita que o motivo de ainda estar vivo em um mundo apocalíptico é justamente a quantidade de medos, manias e transtornos compulsivos que acumulou durante a vida. Sem amigos próximos nem contato com parentes, ele passou a vida recluso e habituado à solidão. Em meio ao holocausto zumbi (rá!) ele acabou desenvolvendo um protocolo de sobrevivência composto por regras essenciais de conduta, que vão sendo desfiadas de maneira sensacional durante o filme.
Regra Nº 8: Cárdio. Zumbis levam vidas ativas, você também deveria.
Em meio à sua luta diária, Columbus acaba cruzando com os personagens mais improváveis do mundo. Talahasse (WoodyHarrelson, impagável), um caipirão brutamontes que se diverte trucidando os desmortos das mais variadas maneiras e resume sua vida a buscar o último Twinkie (espécie de bolinho) do mundo, antes que acabe seu prazo de validade. Os dois, de personalidades totalmente opostas, esbarram com Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin), duas amalucadas que sobrevivem como podem, dando golpes nos desavisados. O grupo acaba se juntando no manjado objetivo de "chegar a um lugar utópico onde imagina-se que a infecção zumbi não tenha chegado". O problema é que o lugar sonhado pelas garotas também é bastante improvável: um parque de diversões, que obviamente não é tão seguro assim.
Regra Nº 37: Mesmo com as calças abaixadas, mantenha sua guarda.
O climão do filme é bem game mesmo, com intervenções gráficas bem boladas e trilha sonora frenética. A abertura é excelente, com slow motion à la Zack Snyder, mas que deixa tudo muito bonito. Agora o que conta mesmo são os momentos de comédia nos dois primeiros terços do filme. Digo "dois primeiros" porque, se o longa tem um defeito, é a queda de ritmo quando descamba pro romance adolescente - sim, inevitável - e pro clima de Filme de Viagem já perto do final. Felizmente essa onda passa e voltam os zumbis, perseguições e tiros pro fim do filme. Um detalhe memorável: a participação fantástica de Bill Murray! Sério, foi a coisa mais sem nexo e ao mesmo tempo genial que vi nas últimas comédias que assisti.
Por conta do relativo sucesso, uma sequência está a caminho, e as filmagens devem começar no início do ano que vem. Se eles mantiverem o ritmo e a sátira, será bastante bem-vinda.
Enfim, se você curte o Universo Zumbi irá gostar de mais esta abordagem - claro, desde que não leve a sério como foi dito lá em cima -, ou se está procurando uma comédia despretensiosa, assista. E, pelo amor de Deus, lembre da terceira regra e "use o cinto de segurança."
Não posso deixar de comentar que a comédia feita a partir de ações sem noção dos personagens foi muito bem bolada! E a participação do Bill Murray foi o ápice disso!!! Eu n acreditei no q aconteceu!!!
E, Krash, eu achei a parte do romance muito legal, tá!!!
Bem, se for ter mesmo sequência, eu n vou perder!!!