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Atenção Todas as Unidades! #2: Skinheads – A Força Branca

12 julho 2010 10 testemunhas



Segunda-Feira agora é dia de Atenção Todas as Unidades! Sempre com alguma dica de entretenimento pra vocês, meliantes!


Então, seguindo a sugestão por e-mail de Pedro Leme o ATU de hoje é sobre o longa Skinheads - A Força Branca, ou no original, Romper Stomper.



Romper Stomper, 1992, Austrália. Drama Com Bastante Violência.


Direção: Geoffrey Wright.
Com: Russell Crowe, Daniel Pollock, Jacqueline McKenzie


Duração: 92 min.


Sempre gostei bastante de ler a respeito de movimentos ideológicos extremistas, e a ascensão do nazismo e do posterior neo-nazismo são, disparados, os que geram mais material a respeito. O assunto é polêmico, é verdade, mas interessa muita gente. Acho que nos perguntamos como podem algumas mentes pensarem tão diferente da coletividade e das idéias pós-segunda guerra, que concordam que a xenofobia, discriminação e violência sempre mancharam de sangue e vergonha a história do homem e não foram responsáveis por nada de bom.



A falta de perspectivas, oportunidades ou formação moral que aflige os jovens nos centros urbanos desde a segunda metade do século XX, e que por conta  disso agrupam-se em torno destas filosofias radicais e formam gangues é um problema sério em algumas partes do mundo. Brasil incluído.


Reconheceu o rostinho singelo ali no cartaz? Sim, é ele mesmo, Russell "Gladiador" Crowe, ainda não tão famoso. Neste longa ele interpreta Hando, o líder de uma gangue de arruaceiros neo-nazistas de Melbourne, na Austrália, que estão bastante insatisfeitos com a presença expressiva de imigrantes no bairro. O filme já começa com Hando e seus comparsas dando uma surra em alguns jovens asiáticos num túnel subterrâneo. O problema é que os jovens não estão sozinhos, e decidem contra-atacar chamando milhões de parentes que invadem o refúgio dos skinheads. A cena da luta entre os grupos é bastante violenta - e empolgante - e revela um cotidiano comum em muitas cidades onde a xenofobia alcança níveis inacreditáveis.



Se a história se passasse no Reino Unido, Hando e companhia poderiam muito bem ser Hooligans, se fosse no Brasil, seriam como muitos grupos de carecas do subúrbio que se utilizam de pseudo-ideologias para justificar agressões e vandalismo. Se fosse ainda no universo de Stanley Kubrick, Hando seria Alex e seus droogs. A abordagem da juventude violenta e "organizada", por assim dizer, é bastante ampla.


Em seu lançamento o filme foi acusado de inocentar e humanizar os skinheads neo-nazistas, o que absolutamente não é verdade. Somos expostos a um cotidiano sórdido, repleto de personagens marginais e, de certa forma, dignos de pena. O vazio moral e existencial dos jovens é saciado com destruição, preconceito e ódio direcionado a inocentes. Para justificar o comportamento, alguns empunham livros com discursos extremistas e tem na ponta da língua argumentos batidos de superioridade, outros ostentam bandeiras com a temática nazista e símbolos bélicos, outros não se apegam a nada e só estão lá pelo caos - como é o caso do garoto Bubs, o membro mais jovem da gangue.


Fora o embate com os asiáticos, os skinheads enfrentam problemas internos e o grupo começa a desmoronar, expondo algumas fraquezas dos integrantes. A perseguição policial torna as coisas mais difíceis ainda, e o ápice da crise vem com um triângulo amoroso - sim, é possível - que destrói de vez a confiança dos jovens. Fora o preconceito e a violência, o filme também aborda levemente o tema do abuso e do incesto, e das consequências drásticas que isso pode causar em pessoas sem estrutura e que são facilmente recrutadas para causas erradas. Isso complementa o hall de polêmicas.


Não é uma obra-prima, é verdade. Também não fica marcado ao lado de filmes que retratam juventudes perdidas como Trainspotting (1996) ou o próprio Laranja Mecânica (1971), o que desmente o subtítulo You've Never Seen Anything Like It (Você nunca viu algo como isto). Skinheads - A Força Branca É apenas um retrato dos submundos e de jovens delinquentes que se escondem atrás de falsas ideologias.


Pois bem, assista. Seja por que você goste do tema, ou apenas do Russell Crowe - que está bastante competente na interpretação de um cara odioso -, ou está atrás de um filme intenso que tenta fazer uma breve análise das causas da violência na sociedade. Ou ainda porque, sei lá, só quer ver porrada mesmo.





10 testemunhas »

  • Krash said:  

    Por algum motivo este post deveria ter aparecido ontem.

  • Rafael said:  

    Apesar de eu ser completamente contra o nazismo esse filme é muito bom... outro bom é American History X (A Outra História Americana)

  • Elder said:  

    Nazi Punks Fuck Off - Dead Kennedys

    Esse post me fez lembrar essa musica..rs! Não assisti esse filme mas com certeza vou procurar saber.

    Sobre o "A outra historia americana" é um filme fantastico, ver skinheads se fuderem, pra mim, é um deleite!rs

    Muito bom o seu post! Congratulações...

  • ísis. said:  

    Bom, acho que vocês deveriam postar no blog filmes sobre skinheads como o "This is England" e o documentário "Skinhead Attitude" que não só falam dos skinheads neo-nazistas, mas que contam sobre as raízes do movimento skinhead, e sobre os Trad Skinhead (os Skinheads Tradicionais, como são chamados) que não tem nada a ver com o racismo ou coisas do gênero, até entre os grupos de Trad Skinheads existem movimentos como o SHARP (Skinheads Against Racial Prejudice - SkinHeads contra o preconceito Racial). Se pesquisarem mais a fundo vão ver que o movimento nasceu na Jamaica, em meados dos anos 60 com a união dos Rude Boys jamaicanos com o proletariado ingles.

    Como já disse Ruddy Moreno, vocalista do The Oppressed - banda Oi! Skinhead :

    "Nenhum dos Verdadeiros Skinheads podem ser racistas, pois sem a cultura jamaicana os skinheads nunca existiriam"

    Vocês também podem ler a letra "Skinhead Times" do The Oppressed , que fala justamente sobre as raízes do movimento :)

    Desculpa me alongar demais no comentário, mas é que tento passar a verdadeira história sempre que posso, pra que cada vez menos gente fique com a mente alienada com o que a mídia passa

    Obrigada desde já, Ísis

  • @samuversalii said:  

    muito bom o post!

  • Krash said:  

    Também me interesso bastante sobre o assunto, Ísis! Já li bastante sobre as origens do movimento, sobre os SHARP, RASH, Rude Boys originais, OI e etc...
    Acho bastante válida a sua iniciativa de tentar desmistificar o assunto, e vamos sim postar algo sobre os filmes que você indicou.
    Obrigado pelo comentário!

  • Krash said:  

    Opa, obrigado! "A Outra História Americana" com certeza será indicado por aqui. Não deixem de conferir o blog!

  • Tassio Felipe said:  

    Isis, acho muito massa quando alguém se coloca e propõe a desmistificação. Ainda bem que sempre tem alguém para levar isso em consideração.

    Para saber mais sobre o movimento que nasceu na jamaica é só ir atrás de Laurel Aitken.

    Skinhead - black and white.

  • Aztorn said:  

    O que você disse é certo. Infelizmente há muitos idiotas no mundo pra promover a discordia e violencia. O racismo e a xenofobia é algo que mostra isso. Acredite o "mix" de "raças" é a evolução da humanidade.

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