Resenha: O planeta dos macacos, o livro
04 maio 2010
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testemunhas
Já faz tempo que o filme O Planeta das Macacos assombrou o mundo com uma história de um astronauta que cai em um planeta onde a espécie dominante são macacos que agem como homens. Foi um fenômeno. Vários filmes, série de tv, série animada, quadrinhos, os macacos dominaram a mídia nos anos 70. Em 2001, Tim Burton tentou uma releitura do clássico mas fracassou. O que pouca gente sabe é que a história do planeta dominado por macacos inteligentes veio de um livro. La Planète des Singes, do francês Pierre Boulle, o mesmo que escreveu o livro “A ponte do Rio Kwai, outro sucesso adaptado para o cinema. Mas o que muda do livro para o filme original, de 1968?
Muita coisa. No começo encontramos um casal de ricaços que, em viagem de férias pelo espaço, acha uma garrafa com uma longa carta-alerta dentro – um bela sacada do autor visto que nada mais simbólico, apesar de parecer meio ridículo, que uma mensagem de socorro em uma garrafa perdida na imensidão do oceano espacial. Na carta, escrita pelo reporter e astronauta Ulysse Mérou, é narrada em primeira pessoa as aventuras de um grupo de aventureiros que embarcaram em uma nave que viajava próximo à velocidade da luz, o renomado professor Antelle, o jovem físico Arthur Levain e o próprio Mérou, para uma viagem de dois anos a estrela Betelgeuse, na constelação de Órion, que fica a uma distância de 300 anos luz da terra. Devido a relatividade, séculos se passaram enquanto a viagem se completava.
No planeta mais adaptado à vida da estrela, chamado pelo grupo de Soror (irmã, em latin), o grupo pousa com uma nave auxiliar e começa a exploração do novo mundo. As semelhança entre a Terra e Soror são enormes os primeiros habitantes desse mundo são seres humanos quase idênticos à nós. Quase porque parecia que esses seres eram desprovidos de inteligência, como se jamais tivessem saído da fase selvagem da formação humana. Nova, uma bela e estranha mulher de Soror é o primeiro contato do grupo, o que logo leva aos outros homens, mulheres e crianças selvagens do planeta.
Mas a surpresa maior foi descobrir que os seres que realmente dominavam esse mundo eram macacos. Quase versões da nossa sociedade, os macacos eram dividos em três castas que viviam harmoniosamente: a dos chimpanzés, as dos gorilas e a dos orangotangos. O estágio tecnológico dessa sociedade poderia ser comparado a nossos anos 40 ou 50. Os macacos dominavam as telecomunicações – existia TV em Soror – satélites, aviões, carros mas o conhecimento que existiam outros planetas era novo e é nisso em que o livro é diferente do filme. Pierre Boulle coloca vários questionamentos sobre a cegueira ideológica de uma sociedade que pensava que era a única no universo, sobre a moralidade de se usar seres humanos em experiências científicas que, se fossem comparadas com as nossas, seriam as mesmas, do próprio direito do ser sapiente em ser reconhecido como igual, apesar das diferenças culturais e, por que não, xenofóbicas.
O filme, um clássico, vai por outro caminho. É mais comedido, menos ambicioso, e o final é completamente diferente do livro. Por estranho que pareça, o final do filme de Tim Burton, de 2001, é o que mais se aproxima da ideia do livro original. Isso só mostra que, as vezes, não dá para seguir ao pé da letra, um livro.
O livro, publicado pela editora Agir, custa R$ 19,90 e pode ser achado facilmente em bancas e livrarias. Para mais informações sobre o primeiro filme do Planeta dos Macacos, sugiro ler o interessante artigo do blog Universo Fantástico.
O Tim Burton falhou porque o Cornelius não foi interpretado pelo Johnny Depp
Brincadeira
O Tim Burton falhou pq ele nasceu Tim Burton. Simples...